Novas denúncias de torturas e maus-tratos na Colmeia Mágica são investigadas pela PC de São Paulo

Segundo inquérito não indicia responsáveis devido à falta de provas concretas

Por Da redação | www.portalalagoasnt.com.br 16/04/2024 - 10:15 hs
Foto: Reprodução


A Polícia Civil de São Paulo abriu um segundo inquérito para investigar novas denúncias de torturas e maus-tratos na escola particular Colmeia Mágica, localizada na Zona Leste. De acordo com as investigações, 37 alunos, sendo 23 meninos, um adolescente e 13 meninas, teriam sido vítimas de castigos desde 2009. No entanto, a Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional, responsável pelo caso, não indiciou as responsáveis pela escola e suas funcionárias devido à falta de provas concretas.

 

 

Apesar de testemunhas relatarem ter presenciado casos de tortura, maus-tratos e castigos contra os alunos, a polícia não conseguiu comprovar tais alegações. Pais de alunos e ex-funcionários foram ouvidos durante a investigação, no entanto, não há fotos, vídeos ou laudos que confirmem as agressões mencionadas. As supostas vítimas tiveram seus nomes mencionados na investigação.

 

Fundada em 2002, a Colmeia Mágica atendia crianças de 1 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil, e atualmente encontra-se fechada. As vítimas, a maioria com idades entre 6 meses e 6 anos, teriam sofrido violência entre 2009 e 2022.

 

 

O primeiro inquérito contra a escola, iniciado há quase dois anos, resultou no indiciamento das irmãs Roberta Serme e Fernanda Serme, diretora e coordenadora da Colmeia Mágica, respectivamente, e de Solange Hernandez, uma funcionária. Vídeos e fotos mostrando nove crianças amarradas e chorando no banheiro da escola foram divulgados em 2022, levando à condenação das três mulheres pelos crimes de tortura e maus-tratos em 2023. Enquanto as donas estão presas, a funcionária encontra-se em liberdade.

 

Após a repercussão do caso nas redes sociais e na imprensa, pais de alunos procuraram a polícia para relatar lesões e mudanças de comportamento em seus filhos durante o período em que estudaram na Colmeia Mágica, resultando na abertura do segundo inquérito a pedido do Ministério Público. No entanto, a Polícia Civil não conseguiu esclarecer se outras funcionárias da escola estavam envolvidas nos supostos crimes.

 

 

A Promotoria solicitou que a polícia complementasse o relatório, especificando se houve participação ou omissão por parte das educadoras e demais funcionárias da escola. A Justiça determinou que a Polícia Civil cumpra os pedidos do Ministério Público em um prazo de 60 dias.

 

O segundo inquérito também ouviu ex-funcionárias da Colmeia Mágica, que relataram que os castigos começaram há mais de 15 anos. Segundo os depoimentos, a direção da escola obrigava os alunos a sofrerem castigos físicos quando choravam ou se recusavam a comer. Além disso, meninos e meninas eram amarrados em lençóis e colocados em banheiros escuros, sendo informado que isso acalmava as crianças. Outras punições incluíam ficar em pé por horas e até mesmo comer o próprio vômito.

 

 

A Polícia Civil citou as responsáveis pelo estabelecimento, Roberta, Fernanda e Solange, no segundo inquérito, mas não mencionou a participação de outras funcionárias. A investigação ouviu também nove pessoas que negaram qualquer irregularidade cometida pelas donas e pela funcionária da escola.

 

A Justiça poderá decidir pelo arquivamento do segundo inquérito, solicitar que a polícia produza mais provas ou até mesmo responsabilizar as investigadas por algum crime. O primeiro inquérito resultou na condenação das três acusadas pelos crimes de tortura e maus-tratos.