Demanda por crédito diminui no Brasil: o que isso significa para a economia?

"Vários fatores econômicos influenciam a falta de procura por crédito no Brasil

Por Da redação | www.portalalagoasnt.com.br 28/08/2023 - 16:27 hs
Foto: Ilustração/ Internet


O consumo de crédito no Brasil está diminuindo, de acordo com dados do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito da Serasa Experian. Em julho, houve uma queda de 2,4% em comparação com junho e uma retração de 10,9% em relação a julho de 2022. Essa tendência negativa tem se mantido por 14 meses consecutivos. Ao longo de 2023, a procura por crédito diminuiu 12,3% e, nos últimos 12 meses, a queda foi de 14%. A Serasa Experian obtém esses números por meio de um acompanhamento mensal das consultas de crédito relacionadas aos CPFs em seu banco de dados. Nenhuma unidade federativa registrou aumento na busca por crédito.

 

 

Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, essa retração é resultado da política de juros no país. Os consumidores estão evitando tomar crédito devido às altas taxas de juros, o que torna o momento inapropriado para isso.

 

No início de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia (Selic) para 13,25% ao ano, o primeiro corte em três anos. A Selic tem um impacto direto nos juros cobrados pelos empréstimos oferecidos às pessoas físicas.

 

De acordo com o Banco Central, a taxa tem sido mantida em níveis altos para controlar a inflação, mas isso também tem um efeito adverso, tornando o crédito, o consumo e os investimentos mais difíceis.

 

O professor de economia Ruy Santacruz, da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirma que, além dos juros altos, os dados da Serasa Experian também refletem um efeito estatístico devido à alta demanda por crédito nos últimos anos.

 

 

Ele explica que o crédito é uma ferramenta essencial para o bom funcionamento da economia, gerando crescimento, emprego e renda. Sem crédito, não há consumo das famílias, o que afeta o crescimento do PIB e do emprego. O crédito é um termômetro da economia.

 

Santacruz acredita que parte da queda na demanda por crédito se deve à inadimplência, que apresentou uma queda recente, mas ainda está alta. Ele acredita que as pessoas estão esperando se ajustar financeiramente e pagar suas dívidas antes de buscar mais crédito.

 

Luiz Rabi, da Serasa Experian, acredita que o aumento na demanda por crédito ocorrerá quando as famílias reorganizarem seu orçamento. O levantamento da Serasa Experian mostra que a procura por financiamento diminuiu mais entre pessoas com renda de até R$ 1 mil, enquanto as com renda superior a R$ 10 mil também apresentaram retração.

 

A inadimplência no Brasil caiu pela primeira vez em sete meses, chegando a 78,1% das famílias em julho, segundo a CNC. Um dos fatores que contribuíram para essa diminuição foi o programa Desenrola Brasil, que estimula a renegociação de dívidas e a limpeza do nome do consumidor nos cadastros restritivos de crédito.

 

No entanto, o economista da Serasa Experian acredita que a procura por crédito não está relacionada ao Desenrola Brasil. Ele destaca que outros fatores econômicos, como a taxa de juros, a confiança do consumidor e o nível de emprego, também influenciam o interesse por empréstimos.