No interior do Espirito Santo, o sonho de alagoanos em busca de uma vida melhor em uma fazenda de café se transformou em um verdadeiro pesadelo. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, um grupo de trabalhadores denuncia condições de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda de café na região. Com ele, veio à tona uma realidade alarmante que envolve ameaças, dívidas crescentes e más condições de vida e trabalho.

A porta-voz do grupo, uma mulher cercada por seus companheiros, revela que são onze trabalhadores oriundos de Penedo, cidade do Baixo São Francisco, e faz um apelo desesperado para serem resgatados. Segundo ela, ao chegarem à fazenda, descobriram que não havia café suficiente para ser colhido e, desde então, têm sido ameaçados pelo proprietário, que retém suas documentações e ameaça chamar a polícia caso tentem partir.

Além disso, o grupo acumula uma dívida de quase R$ 11 mil com o empregador, mas sem trabalho e sem café para colher, não têm como pagar. A situação se agrava a cada dia, pois, mesmo tendo comida disponível, a dívida só aumenta. "A gente precisa comer, mas a dívida está quase em R$ 11 mil porque ele está comprando", desabafa a porta-voz.

O vídeo também revela outras preocupações, como a infestação de mosquitos, que tem causado manchas vermelhas na pele dos trabalhadores. Além disso, a qualidade da água disponibilizada na fazenda é questionável, uma vez que um dos trabalhadores mostra uma caixa d'água suja e relata que o grupo a consumiu por três dias sem saber a procedência.

Diante dessas denúncias chocantes, a Prefeitura de Penedo, assim que tomou conhecimento do vídeo em 13 de maio – data que marca a abolição da escravatura no Brasil –, formalizou a denúncia ao Ministério Público do Trabalho de Alagoas (MPT/AL). A Secretaria Municipal de Assistência Social de Penedo está acompanhando o caso de perto e se disponibilizou a auxiliar no retorno seguro dos trabalhadores à sua cidade de origem.

O MPT também está ciente da denúncia e está realizando uma investigação para apurar os fatos. Porém, por questões de sigilo, não podem fornecer mais detalhes no momento. A situação desses trabalhadores é preocupante e demanda uma resposta urgente por parte das autoridades competentes.