Alagoas fica 'no vermelho' na cobertura de oito vacinas para crianças de até um ano de idade

Apenas três municípios atingiram meta preconizada pelo MS de mais de 90% de cobertura do público-alvo

Por Gazetaweb | www.portalalagoasnt.com.br 25/04/2022 - 23:27 hs
Foto: Agência Brasil


Alagoas não conseguiu atingir a meta de oito tipos de vacinas para crianças em praticamente todos os municípios do Estado em 2021. É o que apontam dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesau) colhidos em março deste ano. O mapa do Estado ficou “no vermelho” quanto à imunização de crianças com até 1 ano de idade. Segundo o levantamento, apenas três municípios atingiram mais de 90% da cobertura: Jequiá da Praia, Mar Vermelho e Jundiá.

 

Os dados levantados pela Sesau mostram que com a pandemia, as secretarias municipais de saúde tiveram dificuldades de aplicar as doses de oito imunizantes: BCG, Meningocócica, Pentavalente, Pneumocócica, Poliomielite, Rotavírus Humano, Tríplice Viral e Hepatite A.

 

Nenhuma dessas campanhas de vacinação obteve a cobertura proposta pelo Ministério da Saúde. Algumas ficaram na casa dos 40%, a exemplo da BCG, aplicada em crianças de até 1 ano de idade.

 

Segundo análise da própria Sesau, majoritariamente, os municípios estão enquadra dos no critério de risco “alto” por apresentarem um percentual de cobertura abaixo de 75% do total da população alvo dessas vacinas.

 

Dos 102 municípios, apenas sete (6,86%) alcançaram a classificação de médio risco: Quebrangulo, Branquinha, Tanque D’Arca, Pilar, Campestre e Paulo Jacinto. E apenas três atingiram a meta de 100% de homogeneidade de cobertura vacinal, ficando fora de risco de classificação.

 

Alagoas tem 10 regiões de saúde e em nenhuma foi alcançada a meta preconizada pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. O destaque negativo vai para as regiões 9ª e 10ª, onde se concentram os municípios do Sertão de Alagoas.

 

Segundo o levantamento, as cidades de Maravilha e Palestina aplicaram a BCG em apenas 1,16% do público alvo. Delmiro Gouveia teve uma cobertura de 13,14% do total de crianças com até 1 um ano de idade para a vacina da Hepatite A. A vacina do Rotavírus, em Pariconha, foi aplicado em 56,98% das crianças. O relatório da Secretaria de Saúde do Estado destaca o fato de que, no ano passado, não houve desabastecimento dos imunobiológicos e nem problemas de armazenamento, sendo a distribuição realizada dentro do previsto para Alagoas.

 

“É fato que as coberturas vacinais no Estado de Alagoas estão distantes do que é preconizado, o que tem como consequência um percentual de homogeneidade também abaixo do recomendado de 75%”, afirma a Secretaria de Saúde do Estado.

 

BAIXO ÍNDICE DE VACINAÇÃO TRAZ AMEAÇA DE RETORNO DE DOENÇAS ERRADICADAS

 

Os riscos para o não cumprimento da meta de vacinação são destacados pelo órgão, que cita a suscetibilidade à saúde da população. Como exemplo, foi citada a poliomielite, que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), apresenta surto em 16 países, em decorrência da baixa cobertura vacinal em 2021. A OMS detectou também a presença da doença em dois países onde havia sido erradicada.

 

 

“Neste contexto, as baixas coberturas vacinais que o Brasil vem apresentando desde 2016 e o não cumprimento das metas dos indicadores de qualidade da vigilância epidemiológica das paralisias flácidas agudas em menores de 15 anos, aumenta potencialmente o risco de reintrodução da doença”, desta a pasta.

 

Dentre os fatores destacados que podem ter motivado a baixa cobertura, segundo a Sesau, estão a mudança do sistema utilizado para a aquisição de dados que provocou morosidade na migração de informação; o atual cenário de pandemia pela Covid-19, que gerou dificuldades no funcionamento de salas de vacinação do Estado e afastamento de profissionais da saúde; limitação no atendimento e redução da procura por serviços de vacinação.

 

BUSCA ATIVA

 

Apenas três municípios conseguiram alcançar as metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde: Jequiá da Praia, Mar Vermelho e Jundiá. Em Jequiá da Praia, dos oito tipos de vacinação avaliadas pelos dados, em cinco o município atingiu mais de 100% de cobertura vacinal. As outras três - Hepatite A, BCG e Tríplice Viral – o município conseguiu 98,60%, 90,21% e 95,10% , respectivamente de cobertura vacinal.

 

Segundo a secretária Municipal de Saúde de Jequiá da Praia, Katia Valéria Lima Oliveira, um dos principais motivos para o resultado alcançado pelo município está no trabalho de busca ativa realizada pelos profissionais do Programa da Saúde da Família (PSF).

 

“Realizamos um trabalho árduo para conciliar vacinação da Covid-19 com as outras vacinas. Para isso fizemos busca ativa de forma nominal. Ou seja, a gente sabe exatamente de cada criança ou pessoa que precisa ser vacinada e de qual vacina ela está precisando”, explica a gestora da pasta, que complementa:

 

“Para termos esse conhecimento, utilizamos sistema informatizado do SUS, que nos gera um relatório com dados sobre a população da cidade, mas também criamos, por conta própria, um mecanismo de controle, que chamamos de Livro Sombra. Antes, a criança chegava no posto de saúde, apresentava o cartão, se vacinava e ia embora. Hoje, além de registrar a dose no cartão da criança, também registramos em nosso livro para termos esse controle”, explica a secretária.

 

Para que a proteção individual e coletiva seja alcançada, existem metas mínimas de coberturas vacinais (CV) a serem atingidas. No Brasil, a maioria das vacinas do calendário da criança tem meta de 95% de cobertura, exceto as vacinas BCG (Bacilo de CalmetteGuerin) e a vacina Oral contra Rotavírus Humano (VORH), ambas com meta de 90%