"Rússia mente sobre situação militar e sofrimento dos ucranianos"

O chefe da diplomacia da UE acusa o Kremlin de mostrar a Rússia e os seus cidadãos como as “vítimas” e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como um nazi e uma marioneta do Ocidente.

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O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, alertou esta terça-feira que o governo russo mente “sistematicamente”, sobre a sua situação militar na Ucrânia e sobre o sofrimento dos cidadãos ucranianos.

 

 

"A acompanhar a sua campanha militar na Ucrânia, a Rússia está a espalhar informação falsa entre a sua própria população sobre a razão desta invasão e qual a situação na Ucrânia. Além de estarem a bombardear casas, infraestruturas, pessoas, também estão a bombardear as mentes com desinformação”, afirmou Borrell no Parlamento Europeu. 

 

O responsável alertou ainda que o Kremlin “preparava o terreno” há muito tempo e mostrou a Rússia e os seus cidadãos como as “vítimas” e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como um nazi e uma marioneta do Ocidente.

 

“A História é sempre interpretável, mas pensar que o Zelensky é nazi e está a cometer genocídio contra os russos não é algo que possa ser interpretado. O Kremlin mentiu sistematicamente sobre a sua situação militar e o sofrimento dos ucranianos. Eles dizem que é a Ucrânia a bombardear os seus cidadãos e a provocar incidentes militares para culpar a Rússia”, frisou. 

 

O Alto Representante lembrou também a crescente censura a que se assiste na Rússia, onde todos os órgãos de comunicação independentes estão a ser silenciados, tendo mesmo sido adotada "uma lei que criminaliza o que designam de informação falsa sobre a guerra, com penas até 15 anos de prisão" e que condiciona também o trabalho "vital" dos jornalistas internacionais.

 

Argumentando que "esta agressão mostra bem como a UE deve prestar mais atenção à ingerência estrangeira e, sobretudo, à desinformação", Borrell adiantou que vai em breve "propor um novo regime horizontal que permitirá [à UE] sancionar os agentes malignos da desinformação".

 

"Isto fará parte de uma caixa de ferramentas mais ampla que reforçará a nossa capacidade de dissuasão e de ação", declarou.

 

A ofensiva militar russa na Ucrânia vai já no 13.º dia. Segundo Kyiv, mais de dois mil civis ucranianos morreram. Há ainda mais de 1,7 milhões de refugiados.